Grená é a cor do amor apaixonado.
E foi num domingo de futebol que na estação do metrô apareceu aquele sorridente desconhecido, jovem como eu. Ele, palmeirense, me viu com minha camisa grená do Juventus e perguntou se poderia me acompanhar até o estádio. Sugeriu que seria bom eu ir ao jogo escoltado, para evitar problemas.
E, ao conversarmos, quando disse que eu era do interior seus olhos brilharam de saudades de uma Ana Lúcia, que ele conhecera a seiscentos quilômetros de onde estávamos.
- Cara, ela não é maravilhosamente bonita, mas é daquelas garotas que hoje não mais se encontram.
E com que carinho lembrei de uma garota de olhos verdes e cheio de pintas que, igual a ela, só aquela Ana Lúcia de Garça.
SEUS OLHOS DE FUNDO DO MAR
Ah! Seus olhos de fundo do mar!
Pudesse eu neles mergulhar
E com os peixinhos das verdes águas brincar.
As pedrinhas que os enfeitam
Pudesse eu roubá-las
Para cobrir minhas mágoas
E, livre, - nadar.
Ah! Seu jeito fascinante
De olhar distante,
Profundo, suave e sem rondas:
Penetra na gente até se apagar,
Invade e envolve como ondas.
Ondas de seus olhos de fundo do mar!
Ah! Você tão atenciosa e amiga
De voz maviosa
E companhia maravilhosa.
Não imagina como me fascina
E quanta paz me dá
Todo o seu modo de ser menina
Toda a paz e menina
Dos seus olhos de fundo do mar!
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